quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Expressão

"... da dinâmica da presença e da ausência do sensível, a experiência estética é vizinha da experiência psicanalítica: uma silenciosa abertura ao que não é nós que em nós se faz dizer."

- J. Frayze-Pereira

sábado, 14 de novembro de 2009

Uma Proposta de Reforma Social pela Neurociência aplicada às Artes


Em meios de abordagens de pacificação e o constante aumento da violência urbana, eis relatos da própria neurociência quanto à comprovação da influência ambiental no desenvolvimento psicossocial do indivíduo. Muito mais do que suas qualidades inatas e condições financeiras, estudos como os de Bukowski et al.* demonstram que a continuidade direta ou indireta de entraves ambientais estão mais fortemente ligadas ao desenvolvimento do processo cognitivo do indivíduo do que suas características intrínsecas.

Muito mais do que abrir as portas dos teatros uma vez ao mês à preço popular, é oferecer a oportunidade de uma real vivência em meio artístico e psiqué, aonde a própria expressão do indivíduo seja uma experiência de fato transformadora à nível psicossocial. Muito mais do que combater a criminalidade e aprovar projetos de incentivo à cultura, é promover uma reforma à nível da vivência e experimentação, do micro e do macro, do movimento individual em prol de uma integração global.

Hoje vemos que simples palavras como as do profeta, "Gentileza gera Gentileza", podem sim promover uma grande reforma social. Eis aqui a minha proposta cultural através da experimentação de um pulsar próprio, do movimento autêntico, em prol do prazer e da expressão inata presente em cada indivíduo.

"Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida" (Jung, 1920).

*(Bukowski WM, Sippola LK. Diversity and the social mind: goals, constructs, culture and development. Dev Phsycol. 1998; 34(4): 742-6). Ilustração: Halpern e Figueiras, 2004.

domingo, 8 de novembro de 2009

Prazer e Movimento

Relação entre Mecânico e Energético

Inúmeras escolas terapêuticas bastante difundidas consideram em seus métodos apenas a esfera do sutil, os campos energéticos etc., induzindo a uma desvinculação destes com os centros corporais concretos. Para mim, o sistema mecânico e as trajetórias elípticas do movimento são a base de nossas funções mais sutis, ou energéticas, a exemplo da "respiração primária" de que falam os osteopatas e da "energia" da medicina oriental.

O esquema das trajetórias elípticas pode ser visualizado como um processo no qual determinado centro se subordina a outro, porém mantendo uma identidade própria, e este centro a outro ainda. Se quisermos, podemos ampliar indefinidamente essa imagem de elipses associadas ou subordinadas umas às outras, e incluir mesmo elipses e centros localizados fora de nosso corpo, no sistema solar e nos pontos mais distantes do sistema celeste.

O corpo humano foi concebido para utilizar uma organização própria que permite um aproveitamento máximo de sua energia, isto é, despender o mínimo de energia para o máximo de rendimento.

Tome-se como paralelo dessa mecânica humana o exemplo de um objeto lançado ao espaço sideral. Inicialmente a nave, satélite ou o que for exige grande quantidade de energia para colocar-se em órbita. Mas a partir daí, consumirá o mínimo de combustível, penas para fazer pequenas correções de trajeto. Nesse estágio, essa nave aproveitará a energia das próprias órbitas dos corpos celestes para prosseguir seu curso.

Assim também é no corpo humano durante a realização de um gesto. Se o impulso ou energia respeita as trajetórias elípticas correspondentes aos diversos segmentos ostemomusculares, essa energia será melhor aproveitada- ou poupada- gerando mais conforto e refinamento para o movimento. Isso significa também diminuir as solicitações dirigidas ao sistema nervoso central, se pensarmos que uma mecânica bem ordenada, funciona quase sozinha, após o impulso inicial ter sido dado e certas autonomias terem se estabelecido. Ou seja, flexores e extensores se coordenam concomitantemente, e de repente é todo o corpo que se organiza num "volume em tensão". Um gesto em tensão e torção adequadas transfere essas qualidades, a partir do segmento envolvido nesse gesto, para o todo o corpo.

Estruturação Corporal e Descoberta da Identidade

Na área científica, especialmente na Física, comprova-se que o universo é "neutro", que sua total carga positiva é compensada por sua total carga negativa. Acredito que, em sua estrutura de movimento, o corpo deve ser compreendido da mesma maneira. Em meu entendimento, contrapor corpo e espírito de forma radical foi o grande equívoco de nossa cultura. Se o espírito se contrapõe a alguma outra porção da composição humana, esta é a do psiquismo, e não a do aparelho corporal.


- Cidadão Corpo - I.Bertazzo

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Neurônio-Espelho

http://www.in-mind.org/issue-4/on-mirror-neurons-or-why-it-is-okay-to-be-a-couch-potato-2.html

sábado, 31 de outubro de 2009

Síndrome da Modernidade e Psicossomatização


Vivemos numa época moderna. A imagem do homem moderno é a do "executivo dinâmico", aonde a onipresença e o poder soberano da mídia, a armadilha do materialismo, a aceleração permanente do nosso cotidiano nos levaram, pouco a pouco, a confundir vida com existência, vida com agitação, vida com frenesi. Porém essa corrida desenfreada nos distancia de nós mesmos cada vez mais e nos esvazia do nosso próprio conteúdo. Somente a morte ou a doença nos coloca, por obrigação ou à nossa revalia, novamente diante de nós mesmos. Nesse momento, a confusão é grande.

O que significa esse corpo que nos faz sentir dor? Esses males, na realidade, são sinais de alerta, testemunhas dos nossos desequilíbrios, mas não podemos ouvi-los e, menos ainda compreendê-los. Ninguém nos ensinou de fato a traduzir tudo isso. Nossa ciência parcial separou nosso corpo do nosso espírito.

A proposta aqui é fazer com que nossos ouvidos se abram. Vamos aprender a identificar e a compreender nossas dores, tensões e sofrimentos, a fim de poder detectar a recepção da mensagem e de fazer o que for necessário para que isso mude.Vamos, enfim, desenvolver o ser humano à sua ambiência e à sua globalidade.

- M. Odoul (ilustração: USP)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Corpo-Bio-Grafia

O movimento é base de toda a inteligência, e as funções mais sutis do corpo humano são forçosamente subordinadas à estrutura do movimento. Ou seja, nossa psicomotricidade regula todas as funções de nosso organismo, mesma as mais sutis, e não o contrário.

Conscientes da existência de uma organização motora, tanto quanto da presença de um intelecto, conseguimos nos colocar "em contato" com o que está fora de nós e encontramos mais facilmente os instrumentos para a ação e para as sínteses cognitivas.

É forçoso reconhecer, a esta altura, que a atividade do cérebro é favorecida pelas funções mecânicas do corpo; o "mais leve", o fluido, o incorpóreo, a emoção, o pensamento, se beneficiam do "mais pesado", ou seja, da densidade do gesto.

Por que praticar o gesto pelo gesto? Para incorporar a mecânica própria da espécie humana, para entrar em contato com suas bases primordiais, com sua marca essencial. Nascemos para criar significados, para ganhar um significado. E o corpo é produtor desses significados. A prática do movimento é o instrumento capaz de fornecer condições para que nossas potencialidades ganhem forma."

- Bertazzo